As marcas do rosto de Andrés são o resultado de tudo o que vivemos juntos desde 2008.
São títulos, vitórias, alegrias e celebrações. Também são fracassos, decepções, tristezas e raiva.
D’Ale é o reflexo do torcedor em campo. Por vezes extenuado, outras com o pique de um garoto de vinte e poucos anos. Se tem uma coisa que eu posso afirmar é que me sinto representado toda vez que aquela chuteira toca o gramado nos pés do nosso camisa 10.
Em uma época de amores líquidos, relações deturpadas e juras de paixão eterna por clubes que amanhã ou depois darão as costas pros seus ídolos, Andrés sabe o tamanho que tem pro torcedor colorado.
Eu cresci ouvindo que a @libertadoresbr era feita de times argentinos copeiros, jogadores raçudos e que “sabiam jogar a competição”. Pois bem: D’Alessandro mostrou, ao se tornar o argentino que mais partidas teve em Libertadores da América, que todas as rugas e marcas de expressão contam histórias quase que infinitas.
Agora, na iminência de um Gre-Nal de Libertadores, com a possibilidade de dois enfrentamentos que deverão ser históricos, tenho certeza de que a nossa ansiedade se replica no travesseiro do argentino.
As noites mal-dormidas e a expectativa também batem na porta de um dos nossos maiores expoentes.
Andrés é um de nós. Com seus acertos e seus erros, com as mesmas manias que todos nós temos. D’Ale fez questão de deixar claro desde o início que é um ser humano comum, que vai de 0 a 100, que torce como se todos os jogos fossem uma final.
As expulsões, os gritos, as brigas, o descontrole são nada mais do que o eco de tudo o que sentimos nos nossos corações.
Andrés vem fazendo um bom 2020. Seu histórico de gols, assistências e jogadas maravilhosas vem sendo renovado em cada jogo que participa.
Um D’Alessandro errante, graças a Deus. Santos são chatos diante da certeza de que jamais entrarão com o pé por cima da bola ou socarão o ar de raiva ao errar uma jogada.
Eu prefiro a normalidade e a loucura de D’Alessandro. Gosto das rugas, dos traços de expressão e das olheiras que o Inter trouxe pra ele.
Também trouxe pra mim. As marcas no rosto de D’Ale mostram um caminho intenso junto conosco.
Único. Especial. Nosso.